17 dezembro 2009

Meu Quase Contato Imediato com um Morto Vivo

[Essa história é baseada em fatos verídicos]

Ontem, eu e minha companheira, Patricia, resolvemos ir ao Shopping Center dar uma passeada e comprar uma sandália para ela. Em um certo momento, precisei ir ao banheiro e a Pati ficou lá fora me esperando enquanto olhava as lojas.

Entrei no banheiro. O local era amplo e todo revestido de mármore, ou algo que parecia com isso. De um lado estavam os vasos e de outro os mictórios. Atrás de mim, um amplo conjunto de pias atravessavam o banheiro, com espelhos em toda a sua extensão.

Fui caminhando rapidamente em direção aos mictórios, sem olhar muito para os lados. Normalmente, em um banheiro masculino, não costumamos ficar encarando, olhando na cara de outros homens que não conhecemos. Talvez uma questão de respeito mutuo ou apenas vergonha masculina.

Contudo, logo ao entrar no banheiro, já percebi que não estava só. Há aproximadamente seis metros de mim estava um homem junto a pia, no ponto mais próximo ao canto do banheiro. Reparei apenas olhando com o canto de olho. Quando olhamos com o canto de olho, podemos perceber muita coisa, mas não vemos com precisão.

Durante os "segundos" que caminhei da porta do banheiro ao mictório, pude perceber que o homem estava com a cabeça abaixada e seu braço apoiado na pia. Abri minha braguilha e comecei a urinar. Neste momento, me veio na cabeça que o cara parecia como um morto-vivo de filmes do Romero. Apenas parado catatônico num canto, até que percebe sua vítima e resolve atacar.

De forma bastante sutil, virei levemente minha cabeça, para que eu pudesse observá-lo com o canto do olho, sem olhar diretamente para ele, mas de forma a poder perceber a situação. Foi como uma brincadeira, resolvi imaginar que ele era um morto-vivo num canto do banheiro sem perceber que uma vítima havia chegado. Confesso que a brincadeira me fez subir a adrenalina e até me deixou um pouco com medo. Era como se eu estivesse em um filme de terror.

A brincadeira teria acabado rapidamente, apenas com a movimentação do homem, lavando suas mãos ou indo em direção a porta para sair do banheiro, mas não foi isso que aconteceu. O homem, o maldito homem, ficou lá, na mesma posição, apoiado na pia e com a cabeça abaixada, durante todo o tempo que permaneci urinando. Confesso que estava com bastante vontade e demorei um pouco para terminar a tarefa. Quando mais eu demorava, mais ansioso eu ficava em ver no canto do meu olho o homem, parado. Maldita brincadeira que resolvi começar. Tenho costume de entrar de cabeça nas minhas brincadeiras e acabar quase acreditando nelas.

O medo começou a tomar conta de mim, mas ao mesmo tempo pensei comigo mesmo: "Será que o cara não está passando mal, ou algo assim, e eu estou aqui me bobeando? Acho que vou ver se ele está bem quando eu for lavar as mãos". Neste momento, fechei minha braguilha e me virei para ir em direção à pia, lavar minhas mãos e ver se o cara estava bem. O maldito cara ainda não havia se mexido.

Logo que me virei, percebi uma movimentação na cabeça do homem, era lenta e ia de um lado ao outro. Parei! olhei diretamente para o espelho, para ver o rosto dele, mas o ângulo não permitia que eu visse qualquer coisa que fosse. De repente o homem levante a cabeça. Para meu susto, ele estava babando, soltando uma baba branca da boca e estava de olhos fechados.

Não sei se meu auto-controle é forte, mas acho que a reação seria dar um pulo ou um grito, mas não foi o que fiz. Parei e fiquei esperando para ver o que isso daria. Para meu alivio, ele cuspiu a baba e levou uma escova de dentes à sua boca, para continuar sua escovação.

Do ângulo que eu estava vendo, eu não conseguia ver o braço esquerdo do homem, canhoto, que o usava para escovar seus dentes, enquanto ele permanecia com a cabeça abaixada. Além disso, passei a maioria do tempo olhando com o canto de olho, o que não me deixou perceber a totalidade da situação.

De qualquer forma, a experiência foi interessante, e emocionante. Quase que achei que seria meu primeiro contato com uma pessoa contaminada com algum vírus que transforma as pessoas em mortos-vivos.

16 dezembro 2009

Paradoxos: O Teletransporte

Em verdade, vou fugir um pouco de citações nesse texto, mas ainda assim, vou me basear em teorias dos seriados de Startrek. Também, posso eu dizer que o paradoxo do teletransporte da qual vou falar é um pouco diferente de outros paradoxos de teletransportes. Talvez, seja um pouco interessante comentar um deles antes de seguir no meu texto, ou mesmo falar sobre o que seria o teletransporte.

Primeiramente, o teletransporte é um dispositivo que pode transportar uma pessoa de um lugar ao outro do espaço, destruindo seus átomos em um ponto A, enviando até um ponto B, e os reconstruindo. Seria como se você pudesse ir de Florianópolis à Tókio em questão de segundos.

Continuando, agora citando um dos paradoxos dos teletransportes, em um dos episódios de Startrek New Generations, o Comandante Riker é enviado a uma base da federação em um planeta (não vem ao caso que planeta, episódio, etc.). Contudo, no seu retorno, um problema ocorre com o teletransporte. Na base do planeta, Riker entra no teletransporte e é enviado à nave Enterprise. Porém, a cópia dele do planeta não é destruída, sendo então recriado um Riker na sala de teletransporte da Enterprise. Agora, quem é o clone e quem é o verdadeiro Riker?

Certo! Agora posso então entrar no assunto. Talvez, e é claro, sempre entrando na polêmica alçada da teologia, mais especificamente a alma ou a pessoa em si. Entretanto, antes disso vou comentar um outro assunto.

Em muitos casos, casais dão a luz a gêmeo idênticos, com o mesmo DNA, porém, ainda assim, são pessoas diferentes. Outro caso é da clonagem. Por mais que ainda seja o DNA de um animal (ou pessoa) a ser clonado, ainda assim será um animal diferente, um outro individuo.

Ok, deixando os rodeios de lado, agora voltamos ao assunto de um "paradoxo" do teletransporte. Imagine que seja possível que exista o teletranporte e que você esteja sendo transportado de um ponto ao outro. Por exemplo, de Florianópolis a Tókio. Você entra em um compartimento de transporte na localidade de origem, seus átomos são escaneados, destruídos e reconstruídos na localidade de destino. Parabéns, você se teletransportou para Tókio e pode seguir com sua atividade desejada.

Será? Quando você foi destruído em Florianópolis, será que você não deixou de existir? Será que você não morreu? E se na localidade de destino, após a sua destruição na cidade de origem, o que foi feito foi recriar um indivíduo novo (um clone, um gêmeo) com as suas características, com as suas memórias, personalidade e tudo mais? E, se esse indivíduo possui as mesmas memórias e personalidade de você, será que ele não acredita com todas as suas forças que ele é você?

Acho que esse paradoxo vai em uma direção um pouco oposta ao texto publicado anteriormente no blog. Ainda assim, ambos tratam sobre uma coisa, a individualidade do ser. Ok, vou parar por aqui pois acho que deixar vocês com as questões do parágrafo anterior já é o suficiente para tirar-lhes o sono.