[Essa história é baseada em fatos verídicos]
Ontem, eu e minha companheira, Patricia, resolvemos ir ao Shopping Center dar uma passeada e comprar uma sandália para ela. Em um certo momento, precisei ir ao banheiro e a Pati ficou lá fora me esperando enquanto olhava as lojas.
Entrei no banheiro. O local era amplo e todo revestido de mármore, ou algo que parecia com isso. De um lado estavam os vasos e de outro os mictórios. Atrás de mim, um amplo conjunto de pias atravessavam o banheiro, com espelhos em toda a sua extensão.
Fui caminhando rapidamente em direção aos mictórios, sem olhar muito para os lados. Normalmente, em um banheiro masculino, não costumamos ficar encarando, olhando na cara de outros homens que não conhecemos. Talvez uma questão de respeito mutuo ou apenas vergonha masculina.
Contudo, logo ao entrar no banheiro, já percebi que não estava só. Há aproximadamente seis metros de mim estava um homem junto a pia, no ponto mais próximo ao canto do banheiro. Reparei apenas olhando com o canto de olho. Quando olhamos com o canto de olho, podemos perceber muita coisa, mas não vemos com precisão.
Durante os "segundos" que caminhei da porta do banheiro ao mictório, pude perceber que o homem estava com a cabeça abaixada e seu braço apoiado na pia. Abri minha braguilha e comecei a urinar. Neste momento, me veio na cabeça que o cara parecia como um morto-vivo de filmes do Romero. Apenas parado catatônico num canto, até que percebe sua vítima e resolve atacar.
De forma bastante sutil, virei levemente minha cabeça, para que eu pudesse observá-lo com o canto do olho, sem olhar diretamente para ele, mas de forma a poder perceber a situação. Foi como uma brincadeira, resolvi imaginar que ele era um morto-vivo num canto do banheiro sem perceber que uma vítima havia chegado. Confesso que a brincadeira me fez subir a adrenalina e até me deixou um pouco com medo. Era como se eu estivesse em um filme de terror.
A brincadeira teria acabado rapidamente, apenas com a movimentação do homem, lavando suas mãos ou indo em direção a porta para sair do banheiro, mas não foi isso que aconteceu. O homem, o maldito homem, ficou lá, na mesma posição, apoiado na pia e com a cabeça abaixada, durante todo o tempo que permaneci urinando. Confesso que estava com bastante vontade e demorei um pouco para terminar a tarefa. Quando mais eu demorava, mais ansioso eu ficava em ver no canto do meu olho o homem, parado. Maldita brincadeira que resolvi começar. Tenho costume de entrar de cabeça nas minhas brincadeiras e acabar quase acreditando nelas.
O medo começou a tomar conta de mim, mas ao mesmo tempo pensei comigo mesmo: "Será que o cara não está passando mal, ou algo assim, e eu estou aqui me bobeando? Acho que vou ver se ele está bem quando eu for lavar as mãos". Neste momento, fechei minha braguilha e me virei para ir em direção à pia, lavar minhas mãos e ver se o cara estava bem. O maldito cara ainda não havia se mexido.
Logo que me virei, percebi uma movimentação na cabeça do homem, era lenta e ia de um lado ao outro. Parei! olhei diretamente para o espelho, para ver o rosto dele, mas o ângulo não permitia que eu visse qualquer coisa que fosse. De repente o homem levante a cabeça. Para meu susto, ele estava babando, soltando uma baba branca da boca e estava de olhos fechados.
Não sei se meu auto-controle é forte, mas acho que a reação seria dar um pulo ou um grito, mas não foi o que fiz. Parei e fiquei esperando para ver o que isso daria. Para meu alivio, ele cuspiu a baba e levou uma escova de dentes à sua boca, para continuar sua escovação.
Do ângulo que eu estava vendo, eu não conseguia ver o braço esquerdo do homem, canhoto, que o usava para escovar seus dentes, enquanto ele permanecia com a cabeça abaixada. Além disso, passei a maioria do tempo olhando com o canto de olho, o que não me deixou perceber a totalidade da situação.
De qualquer forma, a experiência foi interessante, e emocionante. Quase que achei que seria meu primeiro contato com uma pessoa contaminada com algum vírus que transforma as pessoas em mortos-vivos.
4 comentários:
Lembrei daquela vez que fomos assistir "Madrugada dos Mortos" no cinema do shopping. Eu estava no banheiro sozinha e imaginei aquela menininha do corredor (do filme) tentando entrar por baixo da porta do lavabo! Que medo!!!!!!! E outra vez precisei ir no banheiro no meio do "Exorcista" (quando fizeram a remasterização e passou nos cinemas). Medo!!!!!!!!!!!!!!!! hahahahahaha. Baita experiência, hein, baby?
Wow.
No fim vc pelo menos não ia se mijar todo, pois já o tinha feito antes. hehe
muito bom o texto.
abs
Oscar
Hahaha... você que gosta de curtas... isso daria um belo curta. A narração ficou ótima.
É engraçado mesmo como às vezes nossa imaginação vai aléééém... nas primeiras vezes que eu fiquei sozinha em casa de noite eu ficava imaginando mil coisas com cada ruído lá fora... se duvidar já pensava em monstros, em serial killers com moto serras...
OK, talvez a nossa imaginação seja um *pouquinho* hiperativa, hahahahaha ^^
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